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Arquitetos: DC.AD
- Ano: 2021
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Fotografias:Francisco Nogueira
Descrição enviada pela equipe de projeto. A Saramaga é um projeto que consiste na reforma de um edifício residencial no Cartaxo, cerca de 60 km ao norte de Lisboa. O projeto foi desenvolvido para um jovem casal, ligado ao mundo da arte, que deixou a capital para encontrar um lugar isolado para viver e, ao mesmo tempo, implementar um programa de residências artísticas. A Saramaga foi o nome dado à propriedade como forma de homenagear uma ex parteira da cidade, cuja imagem foi assumida pela comunidade local como símbolo do nascimento e da celebração da vida.
As características arquitetônicas do edifício eram bastante incomuns, com elementos e referências exageradas e desconexas, o que resultou em uma combinação bastante desarticulada do conjunto. O principal desafio do projeto foi a busca de uma coerência estética, formal e funcional que resignificasse o cenário arquitetônico existente.
No exterior, todos os elementos secundários, como paredes baixas e passarelas pavimentadas foram eliminados, as aberturas foram redesenhadas e as superfícies planas externas foram pintadas em tons de textura bege e branco para uma identificação explícita das diferentes estruturas volumétricas. O espelho d'água existente foi transformado em uma piscina e, ao manipular os níveis do pavimento do pátio, novas plataformas foram criadas para permitir diferentes tipos de apropriações do espaço externo.
No interior, a organização dos espaços foi mantida de forma geral. A entrada fica no lado oeste, em um ponto que separa as áreas sociais das áreas privadas. Uma cozinha aberta foi posicionada no centro do edifício, favoravelmente posicionada em relação às partes privadas e sociais da casa, ao exterior e à piscina. É uma área de transição funcional, oferecendo um acesso à área da sala de estar. Esta área social principal é generosamente proporcionada e é o espaço nobre da casa, notável por seu teto alto e pela fácil permeabilidade com o exterior.
As vigas de madeira no teto proporcionam uma escala mais acolhedora ao espaço e suportam as clarabóias que trazem a luz natural. Abaixo das clarabóias, uma plataforma de concreto com diferentes níveis incorpora uma área para sentar, uma longa mesa de café e um vaso de plantas para trazer um toque de vegetação natural ao espaço - esta característica também estabelece a organização longitudinal da sala, em um simples gesto. Uma grande mesa em pedra natural vermelha travertino também foi projetada, reafirmando a proporção do espaço.
Na ala privada da casa, os pequenos pátios ao sul deixam entrar luz nos quartos e banheiros. Cada sanitário é marcado pelo uso de uma cor diferente, pontuado pelos lavatórios de pedra natural combinados exatamente na mesma tonalidade. A suíte master é notável por combinar uma área de estar e de trabalho, próxima à piscina, com um longo closet branco que inclui acessos dissimulados à área separada do banheiro e do chuveiro.
No interior, o uso de revestimentos de textura contínua, como o bege e o branco das paredes ou o cimento no piso combinam com a lógica usada para as superfícies externas. Isto ajuda a conferir uma uniformidade ao todo, ao mesmo tempo em que oferece uma experiência acolhedora e imersiva dos vários espaços.